
CLARA MARANHÃO, ÍNDIA GUERREIRA
Pertencente à tribo que habitava a margem esquerda do rio Potengi, Clara Maranhão nasceu provavelmente em Aldeia Velha, arredores de Natal, na segunda metade do século XVII. Não há registro do local e data de sua morte.
A bela índia que se sobressai nos primeiros capítulos da nossa História recebeu o nome de CLARA MARANHÃO ao se batizar e casar com ANTÔNIO FELIPE CAMARAÃO, o índio POTI, de nação potiguar, herói da guerra contra os holandeses. Depois de casada passou a acompanhar o marido em todos os combates. Guerreira rompeu a secular divisão de trabalho da tribo ao se afastar dos afazeres domésticos, no tempo necessário. Para participar de batalhas.
Dominava o arco e a flecha, a lança e o tacape. Montada a cavalo, investia contra as espadas e os arcabuzes do inimigo. Como não podia lutar lado a lado com o marido, proibição imposta pelos costumes tribais, formava um pelotão de índias potiguares sob seu comando. Segundo ABREU LIMA E LIMA, Clara Maranhão, de uma valentia incrível, afrontou “todos os perigos”, castigou por muitas vezes o inimigo que combatia, exortava os soldados a cumprir os seus deveres, prometendo-lhes vitória, dando assim o exemplo a muitas outras mulheres que procuravam imitá-la.
Clara e Felipe Camarão tiveram participação heróica em vários confrontos contra o domínio holandês. Uma das batalhas mais memoráveis foi a de PORTO CALVO, em 1637.
As tropas do príncipe Maurício de Nassau já haviam incendiado OLIND, quando CLARA MARANHÃO, à frente de índia potiguares, combateu os holandeses com uma bravura que não conhecia limites.
A primeira batalha dos Guararapes, em 1648, decisiva para a vitória das tropas luso brasileiras contra os holandeses, foi a última em que CLARA MARANHÃO participou ao lado do marido. Nesse episódio, o general Flamengo Arciszewski registrou que em 40 anos de combate em campos da Europa, somente um , o índio FELIPE CAMARA conseguira abater o seu orgulho. O bravo POTI, capitão-mor dos índios do BRASIL, morreria de malária, em Pernambuco, meses depois dessa batalha
Clara maranhão recolheu-se à viuvez e ao anonimato. É provável que tenha voltado a Aldeia Velha, hoje Igapó, onde viveu mais alguns anos
FONTE: LIVRO A MULHER POTIGUAR – CINCO SÉCULOS DE PRESENÇA
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